quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

14º Capítulo

Miley POV’s

Já se passaram algumas semanas desde que falei com o Nicholas pela última vez. Talvez quatro ou cinco. Nós vemo-nos praticamente todos os dias, mas ele faz questão de manter o silêncio, assim como eu. Chega até a ser constrangedor. Faço-me de forte e segura à sua frente, mas assim que saio de perto de todos desabo em lágrimas.
A Demi convida-me várias vezes para sair, mas eu recuso. Ela fica furiosa comigo mas, caralho! Eu não tenho vontade. Aliás, por minha vontade eu não punha os pés na escola. Só vou mesmo porque os meus pais me obrigam. Cheguei a pedir à minha mãe para ela me transferir para outro colégio, mas a Demi proibiu-me.
A minha mãe acha que estou com uma depressão, por isso marcou-me uma consulta no psicólogo. Mas eu não vou! Nem pensar.
- Miley .. – A minha mãe bateu à porta e entrou. – O pequeno-almoço está pronto.
- Ok, já desço. – A minha mãe saiu. Eu calcei as minhas pantufas e fui atrás dela.
Quando cheguei à cozinha vi a Demi.
- Bom dia. – Ela disse animada.
- Meninas vou sair. – A minha mãe disse para as duas. – Demi, vê se a tiras de casa. – A Demi assentiu. E eu acenei com a cabeça negativamente.
A minha mãe saiu e deixou-nos sozinhas.
- Miley. – A Demi chamou-me, e confesso que tive medo do seu sorriso. – Não vamos ficar em casa. É sábado e está um dia lindo.
- Demi, não insistas.
- Ok. – A sério? Ela desistiu assim tão fácil. – Mas … – Oh sim, eu logo vi. – Logo à noite vamos a uma boate qualquer.
- Demi, nem penses.
- Porra Miles, tu não podes ficar aqui enfiada para o resto da tua vida!
Depois de muita discussão, a Demi e o seu poder de persuasão convenceram-me a sair à noite, com o pretexto que não seria mais do que duas horas.
Agora são 21h, e com muito custo estou a arranjar-me para sair. Não dei muita importância ao que vesti, um short cor salmão, um top branco por cima do umbigo e umas sandálias rasas brancas. Compensei com uma maquilhagem bem pesada, que favorecia a cor dos meus olhos. Mais uns acessórios e, estou pronta.
O Justin estava na sala à minha espera. Ah, pois é .. ele já se mudou. Mora três casas depois da minha, o que é ótimo porque me tem apoiado muito. Continuando, ele vai connosco, para o caso de eu querer voltar antes da Demi, assim ele vem comigo.
Ouvi uma buzina e espreitei pela janela. Era o carro da Demi, parado exatamente à frente da minha casa.
Desci rapidamente até à entrada, peguei na minha mala, despedi-me dos meus pais e sai com o Justin.
Quando chegamos à boate estavam todos (Joe, Tay, Selena e Nick) à nossa espera do lado de fora. Eu só não quero ter contacto visual com eles. Sai do carro e passei reto por eles, não queria dar espaço para conversas.
Arrependi-me mil vezes de ter vindo assim que vi o Nicholas e a Selena.
Dirigi-me até ao bar e pedi uma bebida bem forte. Tequila. Aquilo passou a rasgar pela minha garganta. Logo depois senti o Justin ao meu lado, já com um copo na mão.
- Tudo bem? – Ele perguntou, referindo-se claramente ao facto do Nicholas e a Selena estarem lá.
- Claro. – Forcei um sorriso.
- Se quiseres podemos ir para outro lado.
- Não Justin. Não vou parar a minha vida por causa deles. – Vi um sorriso formar-se no rosto do meu primo.
O ritmo da música estava a animar-me, principalmente depois das três doses de tequila. Fui para a pista e comecei a dançar e a rebolar bastante. Não que eu estivesse a fazer de propósito, mas os olhares masculinos pairavam descaradamente sobre mim. E eu não posso negar, eu gostava daquilo.
Vi o Justin dirigir-se a mim, estendendo o copo que estava na sua mão esquerda. Perguntei o que era o líquido do copo, e ele disse que era vodka. Ótimo, adoro!
Enquanto bebia, o meu olhar cruzou-se com o do Nicholas. Ele não demonstrou qualquer tipo de sentimento, nem raiva, nem desejo, nada. Estava sério, tão sério como só ele sabe ficar. Eu não sei se aquilo era bom ou mau sinal. Desviei o olhar para encarar a Demi, que me chamava à algum tempo.
- Está tudo bem? – Ela perguntou.
- Mas será que hoje todos me vão perguntar isso? – Respondi-lhe com uma pergunta. De uma forma um tanto arrogante.
- Calma Miles. Só estou preocupada.
- Eu sei Demi. – Dei-lhe um beijo no rosto. – Só quero aproveitar a noite. – Disse e voltei para a pista.
Eu não estava bêbeda, mas estava bastante alegre, admito! Por um lado era bom, assim não pensava no que me deprimia. Comecei a dançar, novamente.
De repente alguém me puxou pelo braço de uma forma tão agressiva que eu nem tive tempo de perceber quem era. Assim que paramos, numa das casas de banho daquela boate, pude ver que era o Nicholas, que ainda me agarrava no braço com força.
- Estás a magoar-me! – Tentei soltar-me.
- Porque é que fazes aquelas coisas?
- Que coisas? – Perguntei confusa.
- Podias ter-te poupado aquele espetáculo. – Continuei a olhar para ele sem entender. – Aqueles palhaços todos a comerem-te com os olhos.
- Eu não tenho culpa. – Ele soltou o meu braço e começou a andar de um lado para o outro.
- Tu gostas de me provocar. Fazes de propósito para me provocar.
- Lamento informar-te, mas o meu mundo não gira à tua volta!
O Nicholas aproximou-se, aproximou-se de mais. Prensou-me contra a parede e colocou as duas mãos sobre o meu rosto, puxando-o mais para si. Beijou-me. Isso mesmo, o Nicholas beijou-me. E que beijo!
Quando paramos o beijo, o Nicholas sorriu para mim e tentou beijar-me de novo, mas eu impedi-o, desviando o rosto.
- Nicholas. Pára de brincar com os meus sentimentos! – Disse, e pude ver o seu olhar entristecer.
- Miley, eu não quero brincar com eles. – Ele disse e eu ri fraco.
- Tu dizes isso, mas amanhã vais desprezar-me como tens feito ao longo destas semanas. – Ele acenava com a cabeça em forma de negação. – Eu estou farta disto. Farta de chorar dia após dia por tua causa. – O Nick ia falar, mas eu interrompi-o. – Não, não digas nada.
Virei costas e comecei a andar, em direção à saída. Aquele ambiente incomodava-me. Estava farta de estar naquele lugar. Farta daquelas pessoas. Farta daquele cheiro. Farta de tudo.
Saí da boate um pouco desorientada. Aliás, bastante desorientada. Era longe para ir para casa a pé, mas comecei a andar na esperança de encontrar algum táxi. Queria enganar quem? Não consegui andar mais de 50 metros. Sentei-me no chão, encostada a uma parede. Eu queria, aliás, eu precisava de estar sozinha.
O meu telemóvel começou a tocar. Peguei nele e atirei-o com a minha força toda contra a parede mais próxima. Será que não percebem quando não quero ser incomodada?  

Fui à minha mala procurar aquilo a que me acostumei. Aquilo que me tem dado paz durante algum tempo. Aquilo que tenho que comprar às escondidas de tudo e de todos. Peguei o pequeno boião e tirei a quantidade necessária para me acalmar e misturei com o conteúdo do cigarro, enrolei numa folha de cigarro e, depois de algum tempo por ainda não ter prática, finalmente acendi. Inalei aquele fumo, que tanto prazer me dava e, naquele momento, não pensava em nada. Nada! Encostei a minha cabeça para trás e fique a gozar daquela sensação durante algum tempo.


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Amo vcs <3