Miley POV’s
Já se
passaram algumas semanas desde que falei com o Nicholas pela última vez. Talvez
quatro ou cinco. Nós vemo-nos praticamente todos os dias, mas ele faz questão
de manter o silêncio, assim como eu. Chega até a ser constrangedor. Faço-me de
forte e segura à sua frente, mas assim que saio de perto de todos desabo em
lágrimas.
A Demi
convida-me várias vezes para sair, mas eu recuso. Ela fica furiosa comigo mas,
caralho! Eu não tenho vontade. Aliás, por minha vontade eu não punha os pés na
escola. Só vou mesmo porque os meus pais me obrigam. Cheguei a pedir à minha
mãe para ela me transferir para outro colégio, mas a Demi proibiu-me.
A minha mãe
acha que estou com uma depressão, por isso marcou-me uma consulta no psicólogo.
Mas eu não vou! Nem pensar.
- Miley .. –
A minha mãe bateu à porta e entrou. – O pequeno-almoço está pronto.
- Ok, já
desço. – A minha mãe saiu. Eu calcei as minhas pantufas e fui atrás dela.
Quando
cheguei à cozinha vi a Demi.
- Bom dia. –
Ela disse animada.
- Meninas
vou sair. – A minha mãe disse para as duas. – Demi, vê se a tiras de casa. – A
Demi assentiu. E eu acenei com a cabeça negativamente.
A minha mãe
saiu e deixou-nos sozinhas.
- Miley. – A
Demi chamou-me, e confesso que tive medo do seu sorriso. – Não vamos ficar em
casa. É sábado e está um dia lindo.
- Demi, não
insistas.
- Ok. – A
sério? Ela desistiu assim tão fácil. – Mas … – Oh sim, eu logo vi. – Logo à
noite vamos a uma boate qualquer.
- Demi, nem
penses.
- Porra
Miles, tu não podes ficar aqui enfiada para o resto da tua vida!
Depois de
muita discussão, a Demi e o seu poder de persuasão convenceram-me a sair à
noite, com o pretexto que não seria mais do que duas horas.
Agora são
21h, e com muito custo estou a arranjar-me para sair. Não dei muita importância
ao que vesti, um short cor salmão, um top branco por cima do umbigo e umas
sandálias rasas brancas. Compensei com uma maquilhagem bem pesada, que
favorecia a cor dos meus olhos. Mais uns acessórios e, estou pronta.
O Justin
estava na sala à minha espera. Ah, pois é .. ele já se mudou. Mora três casas
depois da minha, o que é ótimo porque me tem apoiado muito. Continuando, ele
vai connosco, para o caso de eu querer voltar antes da Demi, assim ele vem
comigo.
Ouvi uma
buzina e espreitei pela janela. Era o carro da Demi, parado exatamente à frente
da minha casa.
Desci
rapidamente até à entrada, peguei na minha mala, despedi-me dos meus pais e sai
com o Justin.
Quando
chegamos à boate estavam todos (Joe, Tay, Selena e Nick) à nossa espera do lado
de fora. Eu só não quero ter contacto visual com eles. Sai do carro e passei
reto por eles, não queria dar espaço para conversas.
Arrependi-me
mil vezes de ter vindo assim que vi o Nicholas e a Selena.
Dirigi-me
até ao bar e pedi uma bebida bem forte. Tequila. Aquilo passou a rasgar pela
minha garganta. Logo depois senti o Justin ao meu lado, já com um copo na mão.
- Tudo bem?
– Ele perguntou, referindo-se claramente ao facto do Nicholas e a Selena estarem
lá.
- Claro. –
Forcei um sorriso.
- Se
quiseres podemos ir para outro lado.
- Não
Justin. Não vou parar a minha vida por causa deles. – Vi um sorriso formar-se
no rosto do meu primo.
O ritmo da
música estava a animar-me, principalmente depois das três doses de tequila. Fui
para a pista e comecei a dançar e a rebolar bastante. Não que eu estivesse a
fazer de propósito, mas os olhares masculinos pairavam descaradamente sobre
mim. E eu não posso negar, eu gostava daquilo.
Vi o Justin
dirigir-se a mim, estendendo o copo que estava na sua mão esquerda. Perguntei o
que era o líquido do copo, e ele disse que era vodka. Ótimo, adoro!
Enquanto
bebia, o meu olhar cruzou-se com o do Nicholas. Ele não demonstrou qualquer
tipo de sentimento, nem raiva, nem desejo, nada. Estava sério, tão sério como
só ele sabe ficar. Eu não sei se aquilo era bom ou mau sinal. Desviei o olhar
para encarar a Demi, que me chamava à algum tempo.
- Está tudo
bem? – Ela perguntou.
- Mas será
que hoje todos me vão perguntar isso? – Respondi-lhe com uma pergunta. De uma
forma um tanto arrogante.
- Calma
Miles. Só estou preocupada.
- Eu sei
Demi. – Dei-lhe um beijo no rosto. – Só quero aproveitar a noite. – Disse e
voltei para a pista.
Eu não
estava bêbeda, mas estava bastante alegre, admito! Por um lado era bom, assim
não pensava no que me deprimia. Comecei a dançar, novamente.
De repente
alguém me puxou pelo braço de uma forma tão agressiva que eu nem tive tempo de
perceber quem era. Assim que paramos, numa das casas de banho daquela boate,
pude ver que era o Nicholas, que ainda me agarrava no braço com força.
- Estás a
magoar-me! – Tentei soltar-me.
- Porque é
que fazes aquelas coisas?
- Que
coisas? – Perguntei confusa.
- Podias
ter-te poupado aquele espetáculo. – Continuei a olhar para ele sem entender. –
Aqueles palhaços todos a comerem-te com os olhos.
- Eu não
tenho culpa. – Ele soltou o meu braço e começou a andar de um lado para o
outro.
- Tu gostas
de me provocar. Fazes de propósito para me provocar.
- Lamento
informar-te, mas o meu mundo não gira à tua volta!
O Nicholas
aproximou-se, aproximou-se de mais. Prensou-me contra a parede e colocou as
duas mãos sobre o meu rosto, puxando-o mais para si. Beijou-me. Isso mesmo, o
Nicholas beijou-me. E que beijo!
Quando
paramos o beijo, o Nicholas sorriu para mim e tentou beijar-me de novo, mas eu
impedi-o, desviando o rosto.
- Nicholas.
Pára de brincar com os meus sentimentos! – Disse, e pude ver o seu olhar
entristecer.
- Miley, eu
não quero brincar com eles. – Ele disse e eu ri fraco.
- Tu dizes
isso, mas amanhã vais desprezar-me como tens feito ao longo destas semanas. –
Ele acenava com a cabeça em forma de negação. – Eu estou farta disto. Farta de
chorar dia após dia por tua causa. – O Nick ia falar, mas eu interrompi-o. – Não,
não digas nada.
Virei costas
e comecei a andar, em direção à saída. Aquele ambiente incomodava-me. Estava
farta de estar naquele lugar. Farta daquelas pessoas. Farta daquele cheiro.
Farta de tudo.
Saí da boate
um pouco desorientada. Aliás, bastante desorientada. Era longe para ir para
casa a pé, mas comecei a andar na esperança de encontrar algum táxi. Queria
enganar quem? Não consegui andar mais de 50 metros. Sentei-me no chão,
encostada a uma parede. Eu queria, aliás, eu precisava de estar sozinha.
O meu
telemóvel começou a tocar. Peguei nele e atirei-o com a minha força toda contra
a parede mais próxima. Será que não percebem quando não quero ser incomodada?
Fui à minha
mala procurar aquilo a que me acostumei. Aquilo que me tem dado paz durante
algum tempo. Aquilo que tenho que comprar às escondidas de tudo e de todos. Peguei
o pequeno boião e tirei a quantidade necessária para me acalmar e misturei com
o conteúdo do cigarro, enrolei numa folha de cigarro e, depois de algum tempo
por ainda não ter prática, finalmente acendi. Inalei aquele fumo, que tanto
prazer me dava e, naquele momento, não pensava em nada. Nada! Encostei a minha
cabeça para trás e fique a gozar daquela sensação durante algum tempo.
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Amo vcs <3